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A história de luta e resistência do Bayern de Munique diante do nazismo

A grandeza do time alemão não está somente dentro de campo. Conheça a narrativa que poucos sabem


Por Julia Mota

Foto: Divulgação

Mais do que nunca o nome Bayern de Munique está em evidência. Após o vitorioso ano do time, ainda há quem duvide de sua grandeza, porém, um clube não é gigante apenas por títulos empilhados na estante. Por isso, confira neste texto uma história ainda pouco conhecida sobre o time bávaro.


Em 1933, Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha e começou assim o controle sobre as instituições desportivas do país. O ministro da educação da época, Bernhardt Rust, aprovou em junho do mesmo ano uma lei que expulsava judeus de qualquer instituição estatal, desportiva ou educativa na Alemanha. Enquanto alguns clubes cumpriram a decisão, o Bayern de Munique manteve seu presidente, Kurt Landauer, que era judeu, no cargo.


Foto: Reprodução

Landauer foi preso por resistência ao regime e levado para o campo de concentração de Dachau, ficou lá por oito semanas, em 1938, antes de fugir para o exílio na Suíça. O técnico do clube, que também era judeu, Richard Kohn, deixou o Bayern e se refugiou na Espanha e Suíça.


Essas atitudes quase os levaram à falência, o clube chegou a perder sua posição de destaque, caindo para o 81º lugar no Reich alemão. Além disso, o regime declarou apoio abertamente ao rival local, 1860 Muchen, por meio de financiamentos, doação de campos de primeiro nível e muito mais. Enquanto o Bayern era marginalizado e sofria com obstáculos, levando até mesmo o apelido de “Judenklub”, que a tradução significa “clube judeu”, de forma negativa. O clube também sofreu com a perda de sócios e patrocinadores, mas se manteve firme na resistência à ditadura de Hitler.


Ainda assim, o Bayern continuou fiel ao seu presidente, declarando que Landauer permanecia como dirigente e que as regras impostas pelo partido seriam aceitas, mas não compartilhadas ideologicamente pelo clube.


Outras atitudes vieram a irritar o regime, como quando o jogador Wilhelm Simetsreiter decidiu posar para uma foto ao lado do atleta negro Jesse Owners, durante as Olimpíadas de 1936. Hitler estava na arquibancada nesse dia, em sua única visita em um jogo de futebol, a Alemanha ainda foi derrotada para a Noruega por 2x0.


Foto: Reprodução

Além disso, o capitão do time da época, Conrad Heidkamp, escondeu a prataria do time, que eram os troféus, quando os nazistas vieram em busca delas para ajudar na guerra. Sua esposa, Magdalena, se lembrou de um fazendeiro em Ascholding perto de Wolfratshausen, onde ela havia passado as férias quando criança. Os objetos de valor foram colocados em caixas, levados para lá em um carburador de madeira e armazenados em uma sala ao lado do estábulo.


Foto: Reprodução/Bayern de Munique
Foto: Reprodução/Museu do Bayern de Munique

Em 1940, o time do Bayern viajou para a Suíça para participar de um amistoso contra o FC Servette. No dia do jogo, Landauer estava na arquibancada e os atletas o aplaudiram durante alguns minutos, apenas pararam após ameaça da equipe da Gestapo.


Ainda de acordo com os registros do clube, 56 membros do Bayern morreram no campo de batalha, entre eles Josef Bergmaier e Franz Krumm. Outros foram declarados desaparecidos em ação e sete membros foram assassinados pelos nazistas por motivos raciais, políticos ou religiosos.


Com o fim da Segunda Guerra, Kurt Landauer saiu do seu exílio e voltou para a Alemanha, onde foi eleito presidente do clube novamente. Seu mandato durou de 1947 até 1951.


Ainda que alguns apontem o Bayern como um clube nazista, sua história de luta contra o regime não pode ser apagada. Em 2016, foi solicitado um estudo independente sobre o papel desempenhado pelo clube na época nazista. Antes disso, em 2005, o clube recebeu o prêmio Julius Hirsch por sua resistência contra o nazismo.


Foto: Reprodução

Em 2014, na goleada do Bayern contra o Eintracht Frankfurt por 5 a 0, os torcedores fizeram uma homenagem ao antigo presidente, Kurt Landauer, com uma bandeira que dizia “FC Bayern e eu pertencemos um ao outro e somos inseparáveis”. Além disso, a praça onde está localizada a Allianz Arena leva o nome de Landauer, também existe uma estátua de bronze do ex-dirigente no CT do clube.


Foto: Reprodução

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