A epidemia de meningite teve o número de casos censurados na ditadura
- Femme News
- 11 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Os dados eram censurados para não alarmar a população, tornando-se improvável a contaminação e inviáveis as formas de prevenção
Por Raissa Martins

O caso da epidemia causada pela meningite, na década de 70, veio à tona após recentemente o atual Governo intervir e modificar a forma como o número de mortes e de infectados pelo novo Coronavírus são divulgados diariamente. O site onde são reunidas as informações foi retirado do ar por um período de tempo.
Segundo o Estadão, durante a ditadura militar, o Brasil sofreu as consequências da negligência do governo na saúde como forma de impedir que o regime caísse em descrédito. É o caso da epidemia de meningite, que ocorreuentre 1971 e 1974. Tendo como foco São Paulo, a crise sanitária teve uma média de 1,15 mortos por dia, com auge em 1972 (14%).
Várias notícias sobre a epidemia de meningite foram proibidas por censores que iam diariamente a sede do jornal desde meados de 1972 verificar com antecedência as provas das páginas do dia seguinte. No Estadão, as notícias censuradas passaram a ser substituídas por poemas de Camões ou calhaus, como eram chamados os anúncios publicitários do próprio jornal.
Número de casos e mortes censurados - As notícias proibidas iam desde o número de casos em diversas localidades a estudos sobre a vacina. Um quadro com estatísticas do surto também foi proibido em 30 de julho daquele ano. Numa página do dia 27 de julho, todas as informações sobre mortes foram retalhadas pela caneta do censor, como a notícia 'Paraná registra mais de mil casos e 110 mortes.'
Segundo os epidemiologistas, a o surto ganhou vida nas periferias de Santo amaro, cidade de São Paulo, progredindo para os centros em múltiplas ondas despercebidas, atingindo um momento em que absolutamente todas as regiões da cidade registrassem casos, com riscos entre os mais pobres. Diante do aumento da pobreza na Ditadura, as favelas cresciam anualmente, e as condições de vida pioravam.
Se a ditadura não tivesse acobertado a crise, ela não teria sido difícil de controlar a partir de 1974. Em 1976, o numero de contágios já eram seis vezes maior ao ano anterior, e uma operação gigante de vacinação se tornou necessária.

Naquele ano, a população já sabia que a situação era critica, e exigia ação rápida do governo. No entanto, as autoridades do Ministério da Saúde negavam a existência da doença. Enquanto isso, as secretarias do estado de São Paulo tentavam conter a situação, com medicina preventiva e testes de novas vacinas.
Em apenas quatro dias, agentes vacinaram mais de 10 milhões de pessoas. No entanto, o esforço em impedir a disseminação do surto continuava: não existia uma comprovação da vacinação ou o registro das ações do Ministério. Além disso, os dados foram originados através de pesquisas posteriores do IBGE, por amostra domiciliar.
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