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Vindo a falecer em 2019, a data homenageia sua memória e importância
Por Millena Galdino
Em um país com feridas expostas da escravização, a atriz Ruth de Souza, que completaria seu centenário hoje, 12 de maio, abriu as portas para mulheres negras dentro do teatro brasileiro, sendo a primeira atriz negra no cinema, televisão e teatro. Foi, também, a brasileira pioneira a disputar um prêmio internacional, chamado o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por “Sinhá Moça” (1953).
Nascida no Rio de Janeiro, em 1921, Ruth morou com sua família em uma fazenda em Porto do Marinho, pequena cidade do interior de Minas Gerais até os 9 anos. Depois do falecimento do pai, ela e a mãe voltam para o Rio de Janeiro, em uma vila de lavadeiras e jardineiras, no bairro de Copacabana. A artista disse em entrevista à Maria Angela de Jesus, no livro “Estrela Negra”, da Coleção Aplauso de 2007, que foi ao cinema pela primeira vez depois que voltou ao Rio e ali nasceu o seu amor pela sétima arte:
"Fiquei deslumbrada com o primeiro filme que vi, ‘Tarzan, o Filho da Selva’ (1932), com Johnny Weissmuller. Queria saber como é que faziam aquelas imagens. Como apareciam na tela? Era minha curiosidade.”, disse Ruth.
Entretanto, sendo uma mulher negra em um país racista, os primeiros comentários sobre o seu desejo em tornar-se atriz vieram como questionamentos a essa possibilidade, sobretudo, com a falta de representatividade na época.
Alguns anos depois, abriu os caminhos nos palcos ao integrar o Teatro Experimental do Negro (TEM), companhia de grupo de atores liderados por Abdias do Nascimento. O grupo estreou no Teatro Municipal do Rio, com O imperador Jones, de Eugene O’Neill, em 8 de maio de 1945, quando ela tinha 24 anos. A carreira no cinema teve início nos anos 1950, com os teleteatros, nas TVs Tupi e Record. Posteriormente, morou nos Estados Unidos, onde estudou artes cênicas na American National Theater and Academy, na Karamy House e na Universidade de Harvard. Marcada também pelo seu posicionamento político subversivo das construções racistas atribuídas à população negra.
Em celebração da data, o Itaú Cultural publica material especial em seu site, destacando momentos expressivos e fundamentais na carreira da atriz, esmiuçando sua importância e presença imprescindível na cultura brasileira.
Confira os fragmentos audiovisuais do especial de televisão “Caso Verdade – Quarto de despejo – de catadora de papéis à escrita famosa”, exibido pela Rede Globo, em 1983, e resgatado pela Cultne, em que Ruth de Souza protagonizou o espetáculo, homônimo do principal livro escrito por Carolina Maria de Jesus.
Onde assistir aos filmes de Ruth:
Assalto ao trem pagador (1963): NOW: grátis para assinantes do Canal Brasil.
Um copo de cólera (1999): NOW e Looke: grátis para assinantes ou R$4,99 (aluguel).
Matéria incrível e importante! 😘
Que matéria linda!