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Vantagens e benefícios de comprar em brechós

  • Thamires Melo
  • 10 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Como o aumento na procura por brechós pode impactar a sociedade e o meio ambiente

Quezia Soares, criadora do Afeta Belchior, um brechó on-line. Imagem: Afeta Belchior

Durante os últimos anos o perfil do consumidor mudou e isso se deve também a noção do grande impacto socioambiental gerado pela indústria da moda ao planeta Terra e às relações de trabalho.


Muito mais preocupado com os danos que a sua maneira de consumir pode gerar ao meio ambiente, quem consome hoje tem como critério a escolha por marcas que se preocupam com o meio ambiente. O uso da moda circular, através de desapegos e brechós, também tem um papel importante e faz parte desse novo modo de consumir.


A Origem e a nova forma de encarar brechós


Apesar das novas noções de consumo, o conceito de brechó não é atual. A palavra “brechó” na língua portuguesa brasileira vem da deformação da palavra “belchior”, nome de um mascate português conhecido pela venda de peças de segunda mão, no século XIX.


A revolução industrial e a produção em massa também foram peças chaves para a formação e manutenção de brechós. Apesar do tabu ainda presente na época, o custo benefício fez com que esse tipo de negócio fosse uma opção para os consumidores.


Atualmente desapegar de peças que você não usa mais tem dominado a internet. Existem diversas contas que utilizam as redes sociais como forma de chegar até seus compradores, como é o caso da estudante de pedagogia, Quezia Soares, de 23 anos, criadora do “Afeta Belchior”, uma loja de peças usadas no Instagram. Segundo ela, consumir de brechós gera uma série de benefícios, tanto para o planeta como para o seu bolso. “A maioria dos brechós tem um preço diferente de uma loja fast fashion, por exemplo”, pontua.


@afetabelchior, brechó on-line criado por Quezia Soares na plataforma do Instagram. Imagem: Reprodução.

Para ela ressignificar peças que seriam descartadas tem um papel importante para o meio ambiente. “O consumo consciente tem relação com a busca por produtos ecologicamente corretos e de menor impacto. Comprar em Brechó é uma das soluções para isso.”, afirma Quezia.


Além disso, a estudante enfatiza que a busca por autenticidade ao se vestir é ainda mais possível ao comprar roupas em brechós. Segundo ela, "é muito improvável que você encontre alguém com a mesma peça”. A empreendedora acrescenta que a ciclicidade da moda também permite encontrar tendências nesse tipo de loja e estar sempre bem vestidos conforme a época.


Quezia busca trazer em seus garimpos as tendências do momento, pensando no seu público. Imagem: Afeta Belchior

Porque a mudança no nosso consumo é tão importante?


Em 2013 o desastre em Daca, capital de Bangladesh, que deixou 1.134 funcionários de grandes marcas têxteis (Primark, Bonmarché, Mango e Walmart) mortos num desabamento, foi essencial para a exposição do esquema de lucro de grandes empresas de “fast fashion”, ou lojas de departamento. Para realizar a produção de peças a baixo custo, empresas renomadas constroem sedes de produção em países pobres, visando investir menos em funcionários. No Brasil, diversas marcas famosas, como Riachuelo, Animale e Zara foram acusadas de usar a mão de obra de imigrantes em condições análogas a escravidão.


Além disso, os danos causados pela produção têxtil ao meio ambiente também são levados em consideração pelo novo consumidor. Por ano, a indústria têxtil chega a gerar 1,7 bilhões de toneladas de CO2 de acordo com o relatório “Changing fashion: The clothing and textile industry at the brink of radical transformation” publicado em 2017 pela World Wide Fund for Nature (WWF). Dados também revelam que indústrias desse tipo consomem um alto volume de água durante o processo de produção. No caso do algodão, são usados cerca de 20 mil litros de água para produzir 1kg de produto, por exemplo.


A indústria também é responsável por poluir 20% da água de uso industrial por meio de tinturas e tratamentos utilizados para a produção de tecidos, além de contaminar rios e mares com fibras de micro plástico, a partir da confecção de tecidos em poliéster.


Geração de renda e empreendedorismo


Em momentos de crise, como a que vivemos hoje em que a taxa de desemprego se encontra em 13,5%, temos que nos reinventar. Nesse sentido, o consumo em brechós também pode ser uma forma de movimentar a economia. Por isso criar lojas de desapegos pode ser uma boa opção.


Segundo Quezia, não é uma tarefa fácil, mas viver da venda de peças “garimpadas” é possível, com muito esforço e dedicação, assim como em qualquer outro empreendimento. A estudante de pedagogia também diz: “É um "corre" diário, desde a busca de locais para garimpar até a busca por estratégias para se conectar com o público-alvo, pois, sendo uma estrutura de brechó online é imprescindível trazer recursos de marketing e criação de conteúdo”.


A moça acrescenta que o movimento de procura por brechós tem sim crescido. “Assim como andam surgindo novos empreendedores querendo desenvolver um trabalho justo e consciente, consumidores estão cada vez mais preocupados com a transparência das marcas, além de consumir algo bom e barato”, finaliza.

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