Em última pesquisa, apenas 9% não tinha pretensão de se vacinar, agora o número subiu para 22%
Em uma nova pesquisa do Datafolha foi constatado que tem aumentado o número de brasileiros que pretendem não se vacinar contra a Covid-19. Apesar de já haver aplicação do imunizante no Reino Unido e também ter sido autorizado nos Estados Unidos, a população brasileira ainda demonstra dúvida e receio a respeito das vacinas, em especial o imunizante da China.
Dos 2.016 brasileiros que passaram pela entrevista, cerca de 22% alegaram não querer se vacinar, 73% afirmaram que irão se vacinar e outros 5% disseram ainda não saber. Em pesquisa realizada em agosto, os números eram de 9% daqueles que diziam não querer se vacinar, enquanto 89% afirmava participar da imunização. O número para os que afirmam que a vacina seja obrigatória é de 56%, mas outros 43% dizem não querer a obrigatoriedade.
De acordo com a pesquisa, a decisão de não se vacinar varia em diferentes grupos, como em sexo, idade, escolaridade ou renda mensal. No entanto, a diferença entre estes se acentua nos que ainda possuem certa confiança no atual governo. Dos 33% que afirmam confiar no presidente Jair Bolsonaro e que não irão se vacinar, apenas 16% alegam não possuir nenhuma confiança no presidente.
Segundo o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nenhuma vacina terá 100% de eficácia, o que quer dizer que a pessoa vacinada não estará totalmente imune à doença. Porém, por esta razão é preciso que uma grande parte da população receba o imunizante para que a taxa de contágio diminua, e assim possa evitar a disseminação do vírus, pois mesmo que a vacina não tenha efeito em uma pessoa, ela ainda não poderá ser infectada pelas pessoas que tiveram resultado positivo do imunizante.
Outro atento aos imunizantes é que existe uma parte da população que não poderá recebê-los, como as grávidas. E por isso também é importante que ocorra a vacinação em massa, ou imunidade de rebanho como é chamada. Assim, os indivíduos que não puderem ser vacinados não terão chance de se infectarem caso entre em contato com pessoas que puderam ser vacinadas.
A pesquisa também mostra a desconfiança da população brasileira a respeito da vacina desenvolvida pela China em relação às outras produzidas pela Inglaterra, Rússia ou pelos Estados Unidos. O número dos que afirmaram serem vacinados pela vacina chinesa é de 72% por aqueles que possuem mais de 10 salários mínimos e 65% dos que possuem ensino superior, mas nos mesmos grupos há tendências maiores para a vacina americana (86%), a inglesa (85%) e a russa (71%).
Essa desconfiança acerca da vacina chinesa se deve ao estigma de que produtos chineses são conhecidos por não durarem muito tempo, como explica Rosa, editora da plataforma de notícias Shūmiàn. "É a fama do ‘made in China’, que o país tem tentado reverter e ainda permanece, apesar de ser uma das nações mais inovadoras em termos de tecnologia". Além da má fama, existe ainda a xenofobia praticada contra o país asiático, que se tornou ainda mais recorrente durante a pandemia pelo vírus ter se disseminado por lá.
As entrevistas para a pesquisa foram feitas através de telefones e celulares entre os dias 8 e 10 de dezembro, tendo atingido todas as regiões e os estados país.
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