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Foto do escritorNatasha Sioli

O caso Mariana Ferrer recebe sentença de “estupro culposo”

O crime não está previsto nas leis, portanto o empresário André de Camargo Aranha foi absolvido das acusações


Foto: Reprodução/Twitter

Após diversas manifestações nas redes sociais e nas ruas a respeito do caso Mariana Ferrer, o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer em 2018, foi absolvido no julgamento em setembro deste ano, depois ter sido considerado como "estupro de vulnerável", utilizando da argumentação de defesa de que o ato é considerado "estupro culposo", quando não existe a intenção de cometer o crime, e como o crime não está previsto nas leis, ele foi inocentado. As informações foram obtidas pelo The Intercept Brasil que teve acesso às imagens do julgamento que aconteceu online, devido a pandemia do novo coronavírus, e divulgadas nesta terça-feira (3).


O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, representante de André, humilhou moralmente a vítima durante o andamento do julgamento, mostrando fotos antigas em que Mariana atuava como modelo e tentando induzir de que eram cenas sensuais, como justificativa para o crime a que foi acometida. Em seus discursos, Cláudio chegou a dizer que "jamais teria uma filha do nível" de Mariana e fez a vítima chorar em meio a tantas declarações desonrosas e críticas, dizendo "Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo. Teu showzinho você vai lá dar no seu Instagram depois, é seu ganha pão a desgraça dos outros".


Mariana pediu ao juiz que o advogado tivesse respeito, pois nem assassinos e acusados recebiam o tratamento que ela estava recebendo, no entanto, no vídeo divulgado só é possível notar que perguntam a vítima se ela quer suspender o julgamento para se recompor e tomar uma água. O Intercept entrou em contato com o juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, que disse que solicitou que o advogado mantivesse o "bom nível".


O crime aconteceu no dia 15 de dezembro de 2018 durante uma festa no Café de La Musique, situado em Jurerê Internacional. Mariana estava no local trabalhando como promoter da festa e estava com alguns amigos, que a deixaram após dizer que não se sentia bem. Ela desconfia ter sido drogada, pois a única bebida registrada em sua comanda do estabelecimento foi uma dose de gin. Mariana tinha 21 anos e em seus exames foi comprovado que era virgem, tendo sido encontrado também material genético de Aranha em seu corpo.


Em seu depoimento, André contou duas versões do que ocorreu na festa, tendo dito primeiramente que não houve nenhum contato com a vítima e depois afirmou que teria feito sexo oral nela. O acusado também disse que foi ela que se aproximou dele no evento e que teria pedido para ir ao banheiro, explicando o motivo de terem subido as escadas, e então teria feito sexo oral nela, mas que ele optou por irem embora. A mãe de Mariana, Luciane Aparecida Borges, e o motorista de uber que a levou para casa foram testemunhas do crime e disseram que ela parecia drogada, o motorista relatou que ela chorava enquanto falava com a mãe no telefone e Luciane afirmou que a filha nunca ingeria bebidas alcóolicas.


O processo continuará correndo em segredo de justiça, mas o Intercept procurou a OAB de Santa Catarina para esclarecer sobre a conduta do advogado, que pediu que o Cláudio Gastão da Rosa Filho preste depoimento para esclarecer sobre sua postura na audiência. Em sua defesa, o advogado apenas divulgou que suas falas foram "indagações descontextualizadas". O termo "estupro culposo" ficou entre os mais comentados nas redes sociais, com os internautas revoltados com a sentença dada ao crime cometido, e por novamente a vítima ser desacreditada, e levantam mais uma vez a tag #JusticaPorMariFerrer


Confira o vídeo divulgado no Twitter do The Intercept Brasil:



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