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Foto do escritorCarolina Gandra

Número de negros nas cadeias aumentou 14%, aponta levantamento

De acordo com o Anuário, o perfil populacional nas prisões do país está se tornando cada vez mais homogêneo


Foto: Reprodução/Ebony Magazine

O 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgou, neste domingo (18), informações sobre a quantidade de pessoas brancas e negras no sistema carcerário: dois em cada três presos no país são negros. Além disso, o índice de cidadãos brancos nas prisões teve uma queda de 19%, enquanto que o número de negros nas cadeias subiu 14%.


Apesar do aumento do índice de cidadãos que se autodeclaram negros o aumento foi menor que o verificado no sistema carcerário, visto que 56% da população brasileira é negra, de acordo com o IBGE, e 438,7 mil (ou 66,7%) pessoas negras estão presas.


De acordo com o Anuário Brasileiro, o perfil populacional nas prisões do país está se tornando cada vez mais homogêneo: “No Brasil, se prende cada vez mais, mas, sobretudo, cada vez mais pessoas negras.”


“Existe, dessa forma, uma forte desigualdade racial no sistema prisional, que pode ser percebida concretamente na maior severidade de tratamento e sanções punitivas direcionadas aos negros. Aliado a isso, as chances diferenciais a que negros estão submetidos socialmente e as condições de pobreza que enfrentam no cotidiano fazem com que se tornem os alvos preferenciais das políticas de encarceramento do país”, declara a publicação.


Amanda Pimentel, pesquisadora associada do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que o tratamento desigual nas cadeias está presente no país, além das condições de vida que levam os negros a serem mais presos do que pessoas que se consideram brancas.


"As prisões dos negros acontecem em razão das condições sociais, não apenas das condições de pobreza, mas das dificuldades de acesso aos direitos e a vivência em territórios de vulnerabilidade, que fazem com que essas pessoas sejam mais cooptadas pelas organizações criminosas e o mundo do crime. Mas essas pessoas também são tratadas diferencialmente dentro do sistema de justiça. Réus negros sempre dependem mais de órgãos como a Defensoria Pública, sempre têm números muito menores de testemunhas. Já os brancos não dependem tanto da Defensoria, conseguem apresentar mais advogados, têm mais testemunhas. É um tratamento diferencial no sistema de justiça. Os réus negros têm muito menos condições que os réus brancos", relatou Amanda.


"Para cada não negro preso que adentrou ao sistema prisional, dois negros foram presos. Se você comparar a entrada e a permanência no sistema prisional, você vê que é pouco mais do que o dobro das pessoas não negras", completou Amanda.


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