Foi um dos primeiros profissionais a se dedicar à pauta do meio ambiente e se tornou referência na área
Por Giovanna De Luca
Washington Novaes morreu na noite de ontem (24), aos 86 anos, em um hospital de Aparecida de Goiânia, cidade na região metropolitana de Goiânia. O jornalista estava internado desde semana passada em decorrência a um tumor no intestino que necessitava de tratamento cirúrgico. Por isso, Novaes foi operado na quinta-feira (20) e estava desde então na UTI. Mas em decorrência a uma infecção que desencadeou em uma disfunção no fígado, o caso foi agravado nos últimos dias.
A informação foi dada pelo filho dele, o cineasta Pedro Novaes. Em um texto enviando para p G1 o jovem ao lamentar a partida do pai, afirma que não só a família fica órfã, "mas também o Cerrado e a Amazônia, pelos quais ele tanto lutou, e os povos indígenas brasileiros, já tão sofridos, e pelos quais ele se apaixonou décadas atrás”.
Autoridades e profissionais da imprensa também manifestaram pesar pela morte do mestre. Em uma rede social, André Trigueiro que também atua na área ambiental, disse, em vídeo, que o legado de Novaes continuará vivo nas gerações seguintes de jornalistas. “Tudo que eu sou nessa profissão na área ambiental eu devo ao exemplo, à contundência e coragem do mestre Washington Novaes. A trajetória dele abriu caminhos para várias gerações de jornalista que entenderam ser possível, sem prejuízo da isenção e da imparcialidade, denunciar o que não pode ser objeto de qualquer dúvida, que é a defesa da vida, do meio ambiente e dos direitos das comunidades indígenas”, afirmou.
Trajetória
Washington Luís Borges Novaes, o Washington Novaes nasceu na cidade de Vargem Grande do Sul, cidade do interior de São Paulo, em 3 de junho de 1934. Filho de um professor e político local e de uma costureira que só parou de trabalhar aos 90 anos, dizia que de seus pais havia herdado o sentido ético de vida e a obsessão pelo trabalho.
Novaes começou a trabalhar cedo e mudou-se para São Paulo para cursar Direito na Faculdade do largo de São Francisco. Mas com o passar dos anos, percebeu que sua verdadeira vocação era o jornalismo.
Ele foi repórter, diretor, editor e colunista das principais publicações brasileiras, entre as quais: Veja, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Última Hora, Visão, Correio da Manhã, O Jornal, Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil. Na televisão, atuou como editor e comentarista das principais emissoras e redes: Rede Manchete, TV Rio, TV Gazeta, Rede Bandeirantes e TV Brasil Central.
Sempre teve muito interesse pelos temas: meio ambiente e cultura indígena. Em 1977, entrou para a Rede Globo, e ajudou a estruturar o: “Globo Repórter”. Foi nessa época que se consolidou como referência no jornalismo ambiental. E de 1991 a 1992, veio a se tornar secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal e mais tarde consultor da Área Ambiental.
Além disso, ele escreveu muitos livros. Entres eles: “Xingu, uma flecha no coração”; “A quem pertence a comunicação”; “Xingu”; “A terra pede água”; “A década do impasse”. Além da parceria com outros escritores.
Com o seu trabalho, o jornalista conquistou inúmeros prêmios nacionais e internacionais. Entre eles: Prêmio Golfinho de Ouro, em 1988, da Secretaria de Cultura do Rio; Prêmio Esso Especial de Ecologia e Meio Ambiente, em 1992, por artigos sobre a Eco-92- publicados no Jornal do Brasil; Prêmio da Câmara Americana de Comércio, em 2001, pelo documentário: “Biodiversidade- primeiro mundo é aqui”; Prêmio Unesco de Meio Ambiente, em 2004; Medalha de prata no festival de Cinema e TV de Nova Iorque, em 1982, pela direção do documentário: “Amazonas, a pátria e a água”; Medalha de ouro no Festival Internacional de TV de Seul, Coréia do Sul, em 1985, pela série: “Xingu- A Terra Mágica”.
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