ONU diz que situação continua pior devido ao atual período crítico
Para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado nesta segunda-feira (3), a ONU divulgou uma mensagem por vídeo nas redes sociais. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lembrou que nos dias atuais a informação é essencial, pois o mundo luta contra a pandemia de Covid-19.
"A informação é um bem público" foi o assunto debatido. Guterres ressaltou que em muitos países, os profissionais correm grandes riscos pessoais, incluindo novas restrições, censura, abuso, assédio, detenção e até morte, simplesmente por fazerem o seu trabalho. Logo, não haveria o que ser comemorado hoje, segundo ele “a situação continua a piorar”.
Segundo o secretário da ONU, os desafios criados pela crise sanitária "sublinham o papel crítico da informação confiável, verificada e universalmente acessível para salvar vidas e construir sociedades fortes e resilientes". Entretanto, Guterres acrescenta que "jornalistas e profissionais da imprensa nos ajudam a navegar por um cenário de informações em constante mudança".
No dia 20 de abril, a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou o relatório anual que mostra que a liberdade de imprensa é obstruída em mais de 73% dos países estudados. Cerca de 180 países e territórios são avaliados e, entre estes, está o Brasil no 111º do ranking. O país caiu quatro posições em 2020.
A organização separa a situação de cada em cinco cores relativas ao nível de liberdade de imprensa, que são branca (muito boa), amarela (boa), laranja (problemática), vermelha (difícil) e preta (muito grave).
O Brasil se encontra na zona vermelha e a situação é considerada pior que países como a Bolívia, Mauritânia, Guinea-Bissau, Equador, Ucrânia, Libéria, Paraguai, Etiópia e Moçambique. Além disso, o país se aproxima de cenários como o do Congo, Gabão e Nigéria.
No relatório, a ONG afirma que desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o poder, a situação para os jornalistas brasileiros se agravou. “Insultos, estigmatização e orquestração de humilhações públicas de jornalistas se tornaram a marca registrada do presidente, sua família e sua entourage”, afirma o texto.
Além disso, o acesso dos jornalistas brasileiros aos números oficiais sobre a Covid-19 tornou-se complexo devido à falta de transparência do atual governo, "que tentou por todos os meios minimizar a escala da pandemia, gerando inúmeras tensões entre as autoridades e os meios de comunicação nacionais".
De acordo com a RSF, em todo o mundo, nos primeiros quatro meses de 2021, oito jornalistas foram assassinados exercendo a profissão e 317 foram presos.
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