Entenda como este caso pode afetar a saúde física e mental
O assédio moral no trabalho não é algo incomum, podemos observar diversos exemplos de trabalhos audiovisuais que caracterizam este caso de forma normal, como no filme “O diabo veste prada”. Porém, a partir dos anos 80 o assédio moral no trabalho passou a ser visto como um problema social e ato ilícito a ser combatido, justamente por suas consequências emocionais danosas.
De acordo com o Guia Trabalhista, o assédio moral é o “ato de expor o empregado a situações humilhantes (como xingamentos em frente dos outros empregados), exigir metas inatingíveis, negar folgas e emendas de feriado quando outros empregados são dispensados, agir com rigor excessivo ou colocar ‘apelidos’ constrangedores no empregado, são alguns exemplos que podem configurar o assédio moral”.
O avanço tecnológico encorajou as pessoas a denunciarem este tipo de agressão através de filmagens e gravações. Entretanto, o grave problema de desemprego no Brasil faz com que as vítimas sintam medo de denunciar e receber represálias ou que a situação seja invertida a favor do agressor e a vítima acabe sendo demitida por justa causa. A vítima também se sente emocionalmente aprisionada ao agressor chegando até a duvidar de suas qualidades.
Carolina Oliveira, 22, relata os casos que viveu quando trabalhava em um supermercado. “Eu não podia ter opiniões contrárias a minha chefe, que ela já começava a falar que ia me queimar para a supervisora superior. O assédio moral era constante, o mercado fechava às 22h e eu só podia ir embora às 1h da manhã, se não ela começava a fazer chantagens. A pressão e a sobrecarga do ambiente de trabalho fez com que eu pedisse demissão, uma vez que eu comecei a ter muita enxaqueca e crises de ansiedade. Fora que eu não tinha mais tempo de estudar e nem ficar com a minha filha”, conta a jovem.
Em entrevista ao portal de notícias UOL, a mestre em psicologia, Emanuelle Aguiar, explicou que ao sofrer assédio moral no trabalho, o profissional pode ter problemas com a saúde física e mental. Com isso, a vítima pode desencadear doenças como depressão, ansiedade, nervosismo, sociofobia, ataques de pânico, baixa autoestima, melancolia, apatia, falta de concentração, cansaço, distúrbios digestivos e enxaquecas. Conforme um estudo publicado em 2018 no European Heart Journal, a probabilidade de ter um AVC (acidente vascular cerebral) devido a toxicidade do ambiente de trabalho é de 40%.
Segundo pesquisadores, não há uma receita de bolo para lidar com este problema e quanto mais fragilizada a pessoa estiver, mais danoso será o processo. Ao perceber que está sofrendo assédio moral neste ambiente, é indicado que o trabalhador busque resolver o problema por meio de diálogo ou notificando o departamento de recursos humanos. Se a empresa não resolver o problema, é possível fazer uma denúncia ao sindicato e/ou ao Ministério Público, que podem entrar em contato com o empregador para apurar ou entrar na Justiça contra a empresa.
Além disso, é importante que o trabalhador cuide da saúde investindo em atividades que reduzem o estresse e impeça o desenvolvimento dessas doenças, como exercícios físicos ao ar livre, meditação, ioga, treinamento de habilidades cognitivas comportamentais ou tenha um hobby. E procure também ajuda com um psicólogo.
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