Hospitais de rede privada atingiram a taxa de ocupação de 90%, enquanto os hospitais da rede SUS estão com a taxa de 75%
Apesar da proibição de permanecer nas areias das praias, nos últimos dias os cariocas continuaram quebrando as regras da medida de restrição social e lotaram as praias do Rio de Janeiro. Com a falta de fiscalização e o calor de 40ºC na cidade, as praias pareciam um cenário dos velhos "dias normais", cadeiras e guarda-sóis espalhados pela areia, crianças brincando, mas com o vírus à espreita. Por consequência, os leitos destinados a pacientes com Covid-19 chegou a taxa de ocupação de 90% nas redes privadas e de 75% na rede SUS. Atualmente, a rede privada possui 500 leitos ofertados para a Covid, sendo 450 já ocupados.
Para o pediatra e diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro, Graccho Alvim, esse não é o pior momento da pandemia no Rio, mas poderia ser melhor. Em entrevista ao G1, o pediatra explicou que no pior momento da pandemia no estado, a ocupação de leitos na rede privada chegou a 97%, mesmo com as cirurgias eletivas estando suspensas e tendo colocado todos os leitos disponíveis para o tratamento de pacientes com a Covid-19 ou emergências. Com a diminuição da taxa de contágio em julho, a taxa de ocupação dos leitos caiu em 30% em agosto, fazendo com que as redes pudessem voltar com as cirurgias cardíacas e ortopédicas.
Já nas redes municipais, a prefeitura afirmou que existem mais leitos disponíveis do que a demanda de internação para o tratamento da Covid-19. Das 251 vagas foram preenchidas 217 por pacientes internados em casos mais graves, chegando a taxa de 86,4%, na enfermarias estão sendo ocupados 271 dos 630 leitos onde são encaminhados os casos considerados menos graves, com a taxa de 43%. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, não existem filas de espera para o tratamento, no entanto, a rede SUS possui 42 pessoas esperando por transferência de leitos, com 12 destinadas a UTI, por toda a capital e Baixada Fluminense.
Com a volta às aulas nas escolas particulares, Alvim ressalta que houve um aumento no contágio entre as crianças. "As crianças estavam reclusas. Agora elas saem, vão à praia. Percebemos um aumento de contágio e de internação de crianças", relatou o pediatra. "O grande problema é que os leitos de CTI pediátrico são escassos. São poucos. A gente não tem uma oferta tão grande porque por muitos anos as crianças estavam saudáveis". Para Alvim, a falta dos hospitais de campanha é preocupante, já que pode levar a uma sobrecarga no fluxo dos hospitais de rede privada.
Segundo as expectativas do médico, os casos de Covid podem voltar a aumentar no Rio com as recentes aglomerações nas praias. “Se verificarmos a população, até como ela está se comportando, é uma questão de tempo para termos um aumento. A gente teve essa experiência de estudos tanto na Flórida como na Califórnia. A Flórida chegou a 97% de ocupação após a reabertura das praias”.
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