Prefeitura do Rio anuncia reabertura de escolas, porém Sindicato não concorda com decisão
- Femme News
- 23 de jul. de 2020
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Em nota emitida pelo Sindicato dos Professores, alegaram que o retorno das aulas ainda é prematuro, dados levantados pela Fiocruz demonstram chance de contaminação aos grupos de risco
Por Natasha Silveira

Na última terça-feira (21) o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, realizou uma coletiva de imprensa para informar a reabertura das escolas particulares a partir do dia 3 de agosto. A volta às aulas nas escolas particulares servirá como um teste para ser aplicado nas escolas de rede municipais, segundo o prefeito.
A subsecretária de Vigilância Sanitária, Márcia Rolim, informou que este retorno será gradual com 4⁰, 5⁰, 8⁰ e 9⁰ anos pois, de acordo com a prefeitura, essas foram as séries mais prejudicadas pelo ensino à distância. Entretanto, o Sindicato dos Professores do Município do Rio e Regiões (Sinpro Rio) emitiram uma nota alegando não concordarem com o retorno das aulas presenciais, de acordo com eles, a retomado seria facultativa também para os professores e funcionários. A nota foi divulgada na noite da terça-feira e se manifestaram contra a decisão da prefeitura de retornar às aulas.
"Entendemos que o retorno, agora, é totalmente prematuro. Nossa posição se apoia na ciência, principalmente, nos estudos científicos da Fiocruz (publicado no nosso site) e outros órgãos de saúde", dizia a nota. Também foi comunicado que os membros do sindicato fizeram uma reunião com a Prefeitura do Rio para ouvir as propostas para a retomada das aulas, os professores cobraram que fosse feito testes por toda a comunidade escola afim de garantir a seguranças dos alunos e dos funcionários. Na opinião do Sinpro Rio, não obtiveram clareza nas informações fornecidas a respeito das garantias trabalhistas sobre o retorno voluntário dos professores.
Segundo Crivella, o retorno será facultativo e deverá ser feito de acordo com as regras da Vigilância Sanitária. Após 15 dias do retorno gradual, o comitê científico da prefeitura deverá se reunir para discutir a extensão do retorno das aulas paras as outras séries e para as redes municipais. "Esse acordo feito hoje é voluntário, não inclui idosos e pais que não queiram levar criança à escola. Não tem falta pro professor nem pra criança, é uma fase experimental", explicou o prefeito.
Ao ser questionado sobre a possível desigualdade entre os ensinos da rede privada e pública com o retorno das escolas particulares, ele apenas disse que poderá apresentar novidades ao longo dos próximos dias, porém não deu nenhuma previsão. "Nós estamos tendo aulas por computador. As crianças da rede municipal estão tendo aula via computador. Estamos nos reunindo para tratar disso. Possivelmente amanhã ou depois vamos chamar vocês aqui pra tratar do retorno do refeitório das escolas públicas, previsão de início de aula", relatou em entrevista.
Para a volta às aulas, algumas regras deverão ser seguidas pelos alunos e funcionários das redes de ensino, como:
● Salas de aulas redimensionadas para que haja o distanciamento social de 2m a 4m2 por pessoa em todas as atividades
● Reorganização das turmas para reduzir o número de alunos e promover o rodízio das atividades remotas
● Desenvolvimento de uma rotina de treinamento intenso e contínuo para os alunos e trabalhadores em razão das regras estabelecidas, em especial na utilização e troca correta das máscaras
● Higienização das mãos e objetos e manter o respeito do distanciamento social seguro
● O uso das piscinas deverá seguir o protocolo específico para piscinas
● Os parquinhos, brinquedotecas e bibliotecas deverão permanecer fechados até a liberação dos espaços públicos similares
● As salas interativas e de computação só deverão ser utilizadas com a supervisão do controle do número de alunos, com manutenção do distanciamento social e com intensificação na rotina de higienização
● O transporte escolar deverá seguir o protocolo dos transportes coletivos, mantendo as janelas abertas e com todos os ocupantes utilizando máscara
● Veículos próprios ou terceirizados com fim de transporte escolar deverão ser higienizados de acordo com o Protocolo de Limpeza e Desinfecção de Veículos elaborado pela SUBVISA
A Fiocruz levantou dados que mostram que a volta às aulas pode expor pessoas vulneráveis ao novo coronavírus, de acordo com os dados o número de pessoas, idosos e adultos que vivem com crianças em idade escolar e tem diabetes, doença do coração ou doença do pulmão é de, aproximadamente, 9,3 milhões. Além de estarem mais suscetíveis às complicações da doença, a exposição dessas pessoas pode levar a uma onda de sobrecarga nos hospitais e também aumentar a taxa de mortalidade.
Os dados foram obtidos pelo MonitoraCovid-19, um sistema que integra os dados a respeito da pandemia e que foi lançado pelo Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e tecnológica em Saúde (ICICT), da Fiocruz. Esses dados apontam que as pessoas do grupo de risco e que vivem com as crianças em idade escolar (entre os 3 e 17 anos) equivalem a cerca de 4,4% da população brasileira, e se 10% desse número total precisasse de cuidados intensivos seriam, pelo menos, 900 mil pessoas que precisariam do tratamento.
"Se tomarmos como referência a taxa de letalidade observada no país, isso pode representar 35 mil óbitos somente nessa população", informou por meio de nota técnica. Segundo o levantamento, mesmo que as crianças e os adolescentes representem 2,5% dos casos e apresentem a letalidade muito baixa, poderia ocorrer a contaminação pelo vírus e seria levada para dentro de casa, onde as pessoas do grupo de risco também se contaminariam. "O aumento do contato entre estes grupos pode facilitar a transmissão do vírus e sob risco grupos de maior vulnerabilidade, como portadores de doenças crônicas e idosos. A probabilidade de transmissão secundária do vírus SARS-CoV-2 no ambiente domiciliar foi estimada em 12 a 30%, sendo a população idosa mais suscetível a infecções", ressaltou a nota.
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